Minhas Crônicas

 07 ANOS

 


















Literariamente literal

                                                                                                          Por Gilmara Lisboa

Como se deu o seu primeiro contato com as letras? Com a leitura? Com a literatura?
O meu foi assim:

Livros amarelos na estante da casa da vizinha de frente, e uma outra coleção de livros com figuras fantásticas que mudavam de acordo a posição em que as colocavam. Adulta, descobri que se tratava de imagens em 2D. Livros bonitos, coloridos, diferentes totalmente do único livro que havia na minha casa de propriedade matriarcal: As plantas curam. Capa verde, páginas envelhecidas e figuras sem cor. Perguntava-me, nos meus cinco anos de idade, quase seis, porque a minha mãe não desgrudava dele. O lia sempre, sempre e sempre. Contentava-me em folhear os livros didáticos emprestados aos meus irmãos que já estudavam. Não suportava mais olhar pras folhas encardidas do meu “ABC” e ver a lição das letras P e N que não saía da minha cabeça, e com uma mecanicidade martelava o meu juízo: PAta, PEde, PInto, POte, PUla/ NAta, NEte, NIlo, NOta, NUa. Não mais tolerava. Queria ver o que a minha mãe via no livro grosso de capa verde.Queria sentir o que ela sentia. Não podia, ela o escondia. Eu poderia rasgá-lo. Ainda era uma criancinha. 

Sedenta por algo novo ficava de olhos compridos na janela da vizinha visualizando a amarelez reluzente nas capas daqueles livros finos imaginando o que estaria ali. Estrategicamente, mas natural, aproximei-me das crianças da casa e pude permanecer no convívio do - “meu novo” - lar dos meus vizinhos compartilhando o lanche da tarde podendo ver os elementos da minha cobiça de pertinho enfeitando aquele móvel. Gostava deles e os assistia sempre. Encorajada um dia, os pedi para ler. Risos ouvi. “Ler ou ver?” Não sabiam eles que eu guardava um segredinho. Eu lia, codificava, decodificava, ou coisa parecida. Na psicogênese da língua escrita, de Emília Fereiro, eu já era alfabética. Alibabá e os quarenta ladrões foi o primeiro.
A leitura tornou-se um hábito vespertino e meu mundo se enriqueceu. Iniciava e finalizava a leitura dos quarenta livirinhos proferindo uma frase imperativa famosa que eu havia aprendido na primeira obra lida: Abra-te Sésamo! Fecha-te Sésamo!
           Queria ler em minha casa também. O livro de capa verde me instigava. Roubei-o enquanto a minha cansada mãe dormia, e debaixo da cama me deliciei com aquele livro tão pesado. 
         Na primeira página vi o que me maltratava, que me deixava pequena, vazia e triste: o nome do meu pai, não escrito, mas rabiscado. Ele havia morrido quando eu ainda era um feto de 24 semanas. Na inocência senti como gente grande e pude “ler” naquele nome o que os livros não contavam. Compreendi a razão do apego e cuidado da minha mãe com aquela única obra deixada de herança, e ali, observando as pequenas teias de aranha nos lastros da cama, escondida chorei.


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Os retalhos da minha infância - maio/2011.

Agradeço a Deus pelos dons e talentos artísticos que me deu. De tudo sei um pouco. O que queria saber muito mais era costurar. Minha mãe foi costureira por muito tempo, e desde pequena ficava observando seu corte, sua costura, suas bainhas, suas pregações de botões... Aquele dito popular: " Enquanto sai o gato, o rato passeia" era vivido por mim nas manhãs de domingo, quando "a chefa" da família saía pra feirinha.
Com toda pompa e ousadia dos meus oito anos de idade eu aproveitava a saída dela.Corria até o saco de retalho, catava alguns, cortava as roupinhas e costurava os figurinos das minhas bonecas na Máquina Elgin da minha mãe, herdade de minha avó.
Entrava em desespero quando quebrava a agulha da máquina. Levaria uma surra na certa. Levei algumas até aprender a trocar a agulha. E quando não tinha alguma na reserva, eu atravessava a rua e comprava fiado no armarinho do saudoso Seu Nozinho. Eu não desistia e desobedecia a ordem : NÃO BULA NA MÁQUINA." Lá estava eu mexendo e costurando os vestidinhos pras minhas carecas bonequinhas plásticas.
Já sabia o horário da volta de mainha e dos meus irmãos que a acompanhavam, fechava a máquina, guardava os retalhos e a tesoura... e com a felicidade oculta brincava com meus caquinhos e minhas adoráveis bonecas com modelitos de vestidos diversos.

Essa é a foto da minha família. Wellington, Eu, Mainha e Tânia. Nossos modelitos feitos pela nossa mãe.

Parodiando Milton Nascimento...

Antonia, Antonia é um dom, uma certa magia,uma força que nos alerta. Uma mulher que merece viver e amar como outra qualquer do planeta. Ela é o som, é a cor, é o suor, é a dose mais forte e lenta de uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas agüenta.

Com tanta prática e escola em casa, poderia ter me transformado numa grande costureira. Talvez por frustração, não me tornei. Muitas vezes eu cochilava debruçada na lateral da máquina enquanto minha mãe costurava. Ela também dormia quando se sentia cansada.Roupa pronta pra entregar e dinheiro nunca visto.Uma pobre mulher costurando para pobres pessoas.

Furstrei-me! Desisti de ser uma profissional da costura do tecido. Hoje costuro os meus retalhos, alinhavo o meu siso. Faço remendos da minha capa. Tapo aqui, descubro alí. E assim vou vivendo, pois como diz Doriana Barreto em uma de suas poesias, não quero que a icterícia visite minh'alma.



A nós Primeira Turma da UNEB-Campus XXI
Por Gilmara Lisboa, 04/10/2006.

I semestre: Expectativa - O que estudaremos? Será que estudaremos? Por que estudaremos? Para que estudaremos? Colégio de Rio Novo vira Uneb e pelos corredores vastos, Shirley  na primeira quinzena de aula, desfilava com uma roupa nova e diferentes sapatos.Comprou batom, sutiã, calcinha, sombra...

Weber – Durkhaim -Malinovisky

II semestre: Frustração - Ninguém sabia escrever. Tudo foi desfeito. Viramos quase uma tábula rasa. “Refazer o texto”. Tati chorou, Marluce avermelhou. Descobrimos que não era verdade o que ouvíamos. Avermelhamos de ira...

 Wallon –Piaget -Vygotsky.

III semestre: Luta - Estudamos políticas universitárias. Berramos, apitamos, peitamos, deixamos de lado as demais disciplinas, cuidamos da nossa universidade e a salvamos. Nos salvamos.
 Ouvidoria –Ruas - Quaresma

IV semestre: Esperança - Brota um sentimento de amor. Bebendo de Wallon, a afetividade torna-se a mola mestra do nosso caminhar. Benção Pai Du.

Christófaro- Vasconcelo-Pai Du- P 10.

V semestre: Crescimento- Não mais éramos estranhos uns para com os outros.Construímos, assimilamos, equilibramos, desequilibramos. 5º semestre prova viva de crescimento. Cresceu sim: a barriga de Mônica, de Tati e de Gilmara.

Bruna -Ana Clara – Davi

VI semestre: Cansaço – Affffff!!! Arrastando a barriga que nem cobra nos cansamos. Eliana estafada, Marluce sem voz, Marlene sem a sopa no canudo.Cansou-se e partiu pra coxinha, pastel, quibe e todos os gordurosos da cantina... Mônica, Mariney, Gilmara, Flávio, Etevaldo pegando ponga nos trabalhos por causa da canseira.

Kleiman- Soares-Bakhtim

VII semestre: Vitória - A primeira entre muitas que estão por vir. O que faremos? O que somos agora? Letrado? Letrólogo? Ninguém? Quem se frustrará? Quem brilhará? Desata se o nó. E tudo é um ciclo com expectativa, frustração, luta, esperança, crescimento, cansaço e vitória.

Turma Cognoscente-Professores Epistêmicos- Dona Beca


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O Reino Encantado dos San Tiago
Por Gilmara Lisboa
 junho/2006

            Era uma vez... Poderia começar assim essa história, como tantas outras dos contos de fadas. Mas o verbo ser, dá uma conotação de que não mais acontece e sim, aconteceu. E o que quero registrar é algo tão presente, parecido com os contos da nossa infância que hoje, devido às transformações da era pós-moderna tiveram que ser resignificados.
            Nessa minha história tem um Rei, uma Rainha, princesas, príncipes, e súditos. Tem gata borralheira tratada como Cinderela. Têm fadas e gnomos. Tem soldados em defesa do reino. Têm anões e Branca de Neve. Tem floresta.
            É uma história que antes só meus ouvidos captavam, e que meus olhos puderam constatar a veracidade do que me disseram sobre aquela família maravilhosa. E como o início de todas as histórias de amor, essa também começou com uma flechada de um cupido.
            Exatamente às 12:06:23h do dia 18 de maio de 2006 esteve exposta na minha caixa de postal a seguinte mensagem:

Caro Dutinho
Tenho lido as crônicas da jovem Gilmara Lisboa publicadas no site, e não consegui acessar o comentário.
Como conseguir contactar com ela?Achei-a inteligente e escreve bem, tem o pendor literário.
                                                                                                                                     Obrigado, Tatai”
Professor Tatai mandou e-mail para Dutinho que fez um Control T, Control C, Control V, e enviou para mim. Pronto! Essa foi a flechada, e o cupido foi Duto Campelo, dono do site www.acserv.com.br, que com uma seta mirou e furou tecnologicamente o meu coração deixando-me ansiosa e feliz.
A era da informação é atropelante, mas também é romântica, e hoje, o mundo digital é um dos responsáveis pelos grandes encontros e reencontros. E assim como em tantas outras histórias virtuais, a história do reino encantado começou. Uma relação foi traçada. Caminhadas constantes pelos bosques internetianos, estava eu igual a Chapeuzinho Vermelho, só que ao invés de docinhos, eu enviava diversos e-mails para os vovozinhos mais lindos: o Rei e a Rainha, tão juntos e unidos como uma só pessoa. A nossa relação virtual foi ficando tão bonita que causaria inveja ao espelho falante da bruxa. Trocas de slides, muitas mensagens de otimismo e o dia esperado: o encontro.
Eis que um belo dia, fui levada ao Castelo por uma das princesas para um encontro real. No jardim estavam Branca de Neve, os sete anões e exóticos sapinhos me recepcionando. Por um corredor, fui conduzida a uma ala onde estava a realeza numa reunião familiar vislumbrando através da tela, outros reis numa disputa acirrada em defesa da sua Pátria. Era Brasil X Japão. Havia muita comida, bebida e preparativos para o show pirotécnico. Meu coração estava pulsando mais forte e meu rosto faiscava de felicidade por estar ali naquele Castelo maravilhoso prestes a conhecer os meus admiradores e admirados.
            Houve baile. Não se dançava valsa como nos contos de fadas, o ritmo era o estonteante forró e por vezes o arrocha. Não houve perda de nenhum sapatinho de cristal, pois ninguém teve que sair correndo à meia-noite, e nenhuma carruagem virou abóbora. A festa rolou até todos se cansarem. Dancei, dialoguei, abracei e papariquei os anfitriões. A admiração foi e é recíproca.
            Satisfeitíssima, voltei ao meu mundo, muito mais encantada e com convites para participar mais vezes dos festejos naquele lindo castelo onde o amor é o principal elemento daquela atmosfera cativante. Retornei... Retornei... Retornei... Retornei... e retornei  desta vez para a  festa em comemoração ao  aniversário da Rainha Mãe. Pensei e disse: “Ela faz aniversário e quem ganha o presente sou eu!”.
            Foi lindo, foi bacana ver o amor de perto, ver a felicidade estampada, ver que tudo pode ser e se quiser será, porque os sonhos sempre vêm pra quem sonhar. Ganhei amigos, senti-me amada e amei. Fui premiada. Valeu cupido Dutinho! Valeu Maria do Rosário, princesa intermediária!
            Amei entrar no mundo encantado do Reino dos San Tiago e me tornar amiga de uma gente tão acolhedora!
            Vida ao Rei Tatai Santiago e a Rainha Wanda Santiago! Vida a nossa amizade!
            E...todos nós fomos e somos...
FELIZES PARA SEMPRE!

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Nos meus tempos de menina, acompanhava minha mãe na lavagem de roupa.Íamos cedo pros lajedos no Rio de Contas há uns 200 metros de casa. Lembrei dessa época e de tantas vivências que criei uma crônica nos tempos da faculdade pra disciplina de Cultura Baiana no verão de 2006.A proposta foi contar algo de cultural vivido por nós utilizando palavras do dicionareco do saudoso Dr. Euclídes Neto.

Esta crônica, usei numa oficina que fiz com os professores cursistas do Pró-Letramento em Ubatã-BA, no ano de 2008: Oficina Intertextualizando.

Foto da Oficina em Ubatã- Dramatização do texto:

Lavadeiras no Rio das Contas
 
     Subindo ladeira acima, descendo ladeira abaixo. Assim era o trajeto das lavadeiras de roupa, que como malabaristas, equilibravam nas suas cabeças as enormes trouxas, tendo como suporte uma pequena rodilha feita com restos de pano. Mulheres fortes, robustas e sapudas de pele castigada pelas constantes exposições ao sol. Algumas eram cambéus e não suportavam o peso em suas cabeças e usavam um carrinho de mão de madeira para levar as suas pesadas trouxas até o areião do rio. Quando perguntavam o que elas faziam para sobreviver, elas respondiam: “Nóis lava roupa de ganho”.
     Muitas lavadeiras eram (são) oriundas das periferias da cidade e sempre andavam em grupo cerca de 2 km até o local de trabalho. O areião do Rio das Contas do beco da Praça dos Cometas era o mais disputado por possuir pedras enormes e lisas, um bom lajedo para uma perfeita quaragem de roupas.
Numa dessas disputas pelo lajedo, Marieta sai em desvantagem após briga feia com a corneira Julieta que num só sopapo quebrou a sua dentadura, deixando-a banguela por um bom tempo. Por não dispor de tamanha força para enfrentar a encrenqueira Julieta, a languenza Marieta por vingança, pica a trouxa da valentona dentro do rio. As lavadeiras brigonas há tempos se desentendiam. Era richa antiga. O saruaba Manelito, tirador de areia, um lexéu de marca maior, foi o pivô da primeira briga entre as duas nas areias do Rio das Contas. Contam que uma certa feita, ele se meteu a besta e tomou boca com Marieta,uma sujeita conhecida como cachimbo de ouro, que se encantou com o sorriso falho do magrelo e caiu de cabeça na relação, comprando uma briga feia com Julieta, a esposa do saruaba, que também não era flor que se cheirava, pois costumava pular a cerca e enfeitava a cabeça do marido. Nessa briga rolou pedaço de pau, foice e facão, indo parar os três na delegacia que ficava a poucos metros do local, levando muitas lavadeiras e tiradores de areia para testemunhar o fato.
     As crianças também acompanhavam as suas mães até o rio, e ficava sobre a suas responsabilidades a missão de carregar a farofa de jabá, conhecida como sobe e desce, algumas pencas de banana para a hora da fome, a moringa de água para matar a sede, e seus animais de estimação. Bolinha era a cachorra lasca osso do menino Juquinha, um pirralho sapeca filho de Damiana a única lavadeira anã. Menino espótico cheio de mandiga, capeta, traquina, o raio da cilibrina que atormentava todos os tiradores de areia jogando suas pás dentro d’água, desamarrando as cordas que prendiam as canoas...O “Seu” Juvenal, era o alvo preferido do moleque. Um grisalho de 1,90m de altura beirando a casa dos 70 que arrastava uma asa pra lavadeira anã.
      Arlinda lavava roupa de ganho há mais de 20 anos e tinha seis clientes, um para cada dia da semana, ficando o domingo pra lavagem da roupa da casa. Negra forte, de ancas largas, sustentava bacias enormes sobre a sua cabeça. Certa vez, caminhando para sua casa na Rupiada, a calcinha que vestia desceu ate o seu calcanhar, deixando a lavadeira envergonhada por conta dos risos dos moleques que no momento brincavam de bandeirinha. Ela era destaque entre as lavadeiras do areião da Praça dos Cometas porque gostava de contar causos dos tempos de sua avó Liúde, uma senhora que morava no sobocó onde o vento fazia a curva. Segundo sua neta, Dona Liúde contava que no “tempo dos bufões” as roupas mais pesadas e encardidas antes da primeira ensaboada eram lavadas com vegetais. As folhas mais usadas eram de mamoeiro, de gameleira e folha de São Caetano. Servia como alvejante para as roupas brancas um líquido espremido das fezes de boi, e o sabão era feito de borra de dendê misturado à água coada das cinzas da madeira coletada no fogão à lenha.
     As lavadeiras ensaboavam, quaravam, esfregavam, batiam pra retirar o sabão, enxaguavam e arrumavam as roupas na bacia, sempre cantarolando, enquanto as crianças brincavam dentro d’água de canga , “briga de galo”(uma criança sobre o ombro de outra tentando derrubar os outros pares), e a brincadeira do “ teste do forgo” todos mergulhados de uma só vez com a cabeça debaixo d’água testando o fôlego de cada um.
     No início, no meio ou no fim da tarde, estavam elas voltando pra suas casas acompanhadas pelas felizes crianças de olhos vermelhos e dedos murchos de tanto banho de rio. Batalhadoras lavadeiras de banho tomado, pés lixados com caco de telhas e cabelos penteados, trazendo sobre as suas cabeças as trouxas de roupas enxutas, que foram expostas ao sol nos varais improvisados com arames amarrados em varas de bambu enfiadas na areia, prontas para serem engomadas e devolvidas aos seus donos.
Por Gilmara Lisboa-2006
Há um ar misterioso em relação à criação ou recriação dos vocábulos. Que palavras são essas? São novas, são antigas, vernáculas, empréstimos? Extinguiram-se, acabaram de nascer...?As palavras da nossa língua portuguesa (ou será brasileira?) são inventadas e reinventadas? Neologismos? Formação de novos dialetos? O tempo transforma tudo. Pensando nisso, fiz com os meus colegas uma busca pra descobrir de onde se origina uma palavra que como vírus léxical, contaminou os nossos falares. E, como tudo pode ser contado, cronicado, eu registrei.
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Um domingo de Goderagem (ou seria godelagem?)

     Por conta do efeito causado por um delicioso sanduíche de frango, café, coca-cola e bolo, durante a realização de um relatório baseado na pesquisa de campo da disciplina Antropologia, na casa da colega Jurenice, resolvemos incrementar na nossa manhã de domingo, um divertido jogo de caça-palavras. Decidimos procurar no dicionário o sinônimo de alguns vocábulos para requintar o nosso texto, quando de repente tivemos um insight e desvirtuamos a busca para uma que exprimisse aquela situação de barriga cheia.
     Não só as comilanças nos fizeram lembrar desse termo tão empregado, foi mesmo algum assunto que puxamos, algo relacionado ao pessoal da turma, e de imediato o Luís soltou: “O Flávio Godela foi à Salvador”.Pronto! Foi tiro e queda! A diversão foi iniciada! Armada de um pai dos burros - não aquele “Aurélio Escolar”, e sim uma coleção enorme de dicionários de não sei quantos volumes. Ansiosos percorremos as letras G, com uma vontade imensa de encontrar a dita cuja. Embora tivéssemos nos entupido de coca cola, fomos literalmente com “sede ao pote” para encontrar a palavra, chegando a desconsiderar a ordem alfabética. Demorou um pouco, porque como eu disse, não era um dicionariozinho qualquer, era um altamente cognoscente com inúmeras palavras com ar de suprema superioridade. Parecíamos “meninos buchudos” descobrindo algo esplendido, se bem que estávamos de bucho cheio mesmo, o bolo estava maravilhoso, e o sanduíche de frango que mais parecia uma torta salgada, estava muito boa. (Huuuummmmmm).
     Eram vários dedos percorrendo as páginas daquele riquíssimo livro de significados, até que...”tchanrã”!!!! Encontramos! Lá estava ela. Não a grafia pejorativamente usada por nós para designar um ser que cisma em querer “montar na nossa bicicleta”. Não! Não encontramos ao pé da letra ‘o quase’ sobrenome do nosso colega Flávio. Mas encontramos uma que com certeza é a primitiva: GAUDERIAR. Pronto! Desmistificamos a origem do verbo “GODELAR”, do substantivo” GODELAGEM” e do adjetivo “GODELA”.     
    Veja a transcrição no dicionário:
GAUDERIAR
V. t. d. e V. int.
Bras. N.E.). Var.: goderar. Pres. ind.: gauderio, etc. Cf. gaudério.]
1. Goderar- Ficar vendo (os outros) comerem à espera de que lhe dêem alguma coisa; invejar (a quem come) acompanhando os movimentos, gangorar, gauderiar. 2.Parasitar, filar . 3. Bras. RS Tornar-se gaudério; andar errante de casa em casa, sem ocupação séria; flautear, gauchar.

Ufa!!! Até que enfim, descobrimos a verdadeira origem dessa palavra que veio sofrendo transformações como tantas outras. Ex.: percata (alpargatas) , goto (glote),), dois sentidos não assam milho ( se assimilam), fulano é cagado e cuspido a mãe ( encarnado e esculpido) , bassora (vassoura),
Depois da grande descoberta e da comprovação de que estávamos mesmo filando algo de alguém, concluímos o nosso relatório designando o trabalho de digitação para a anfitriã, finalizando assim a nossa “gauderia” em conjunto.

Flávio, o colega mais godero que eu já tive...
Saudades deleeeeeeeeeeeee!

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ACORDAR COM A MACACA

Hoje acordei com a Macaca , e olha que nem precisei dormir com ela...
E no sentido literal da palavra ,nem acordei de mau humor. Esse passa longe de mim..Eu estou feliz, muito feliz...Sou feliz ..muito feliz...
Mas literalmente, acordei com a Macaca. Estava tão pacato aqui no meu trampo,e fui acordada do meu mundo mecânico e maquinário com o alvoroço dos meus colegas...Fui confirmar... Afinal me acordaram com um barulho algazarrável...Encontrei sentadinha numa cadeira no setor de licitação, cheia de curiosos ao redor, a Macaca Estrela Catarina..Aquela macaquinha que participa dos programas da Globo, Faustão, Fantástico.. Até com Xuxa, a macaquinha gravou..Pense que estrelato.. Eu registrei..


Eu e a famosa LU Chamusca


Celso Antunes

Bia e Elvira Drumond
Davi Lisboa...meu artista preferido